Murillo Pompermayer
Após 45 anos de espera, o Estádio Benitão, em Rio Claro, se tornou o palco de uma narrativa épica. O Velo Clube, o Rubro-Verde rio-clarense, voltou à elite do futebol paulista, concretizando um sonho antigo de sua apaixonada torcida. A memorável campanha na Série A-2 de 2024 foi coroada com um empate sem gols contra o Juventus, resultado que selou o tão almejado acesso à Série A-1, após êxito inicial diante do adversário obtido na capital paulista. A última vez que o clube havia alcançado tal feito foi em 1978, tornando essa conquista um verdadeiro renascimento.
A jornada do acesso
A trajetória do Velo Clube rumo ao acesso foi repleta de desafios e superações. Terminando a fase de classificação na sétima posição, a equipe mostrou resiliência ao vencer o São José nas quartas de final e o Juventus nas semifinais. O confronto decisivo pelo título da Série A-2 contra o Noroeste foi um espetáculo à parte, com dois duelos intensos e emocionantes.
Na partida derradeira, realizada no Benitão, o ambiente era eletrizante. Aos dois minutos de jogo, o zagueiro Júlio Vaz marcou de cabeça, inflamando as esperanças da torcida local. O Noroeste empatou no segundo tempo com um belo chute de Isael, que foi posteriormente expulso, aliviando a pressão sobre o Velo. A equipe manteve a vantagem conquistada no jogo de ida e garantiu o inédito título da Série A-2, além do acesso tão desejado à Série A-1.
Essa conquista não apenas celebra o retorno à elite após mais de quatro décadas, como também marca a primeira vez em que o Velo Clube ergue o troféu da Série A-2, solidificando seu lugar na história do futebol paulista. Para entender melhor os bastidores desse feito histórico, a JC Magazine conversou com figuras importantes dessa jornada vitoriosa: o presidente do clube, um jogador que foi crucial na empreitada e um torcedor emblemático que representa a paixão da torcida rubro-verde, sempre incansável e determinante.
Desafios e preparativos
Para Reginaldo Breda, presidente do Velo Clube, os desafios vão além das quatro linhas. A adaptação do Estádio Benitão às exigências da Federação Paulista de Futebol é uma prioridade: “Precisamos construir novos acessos, camarotes, lanchonetes e banheiros. Contratamos uma empresa de engenharia para desenvolver o projeto de novas arquibancadas atrás dos gols e atender a todas as exigências da Federação”, explicou Breda, que complementou dizendo que a Prefeitura assumiu o compromisso de realizar essas obras essenciais.
Na formação do elenco, a continuidade é fundamental. “Nossa primeira ação foi garantir a permanência do treinador Guilherme Alves. Renovamos com o nosso capitão e com o goleiro Gabriel Félix, além de alguns atletas em evolução. Estamos avaliando nomes que trarão experiência e competitividade”, destacou Breda. A sustentabilidade financeira também é uma preocupação constante: “O estádio é um patrimônio do município, por isso a prefeitura realizará as obras. Estamos estruturando nosso departamento de marketing para atrair novos negócios e patrocinadores. Essas parcerias são vitais para fortalecer o clube e garantir um futuro sólido”, comentou o presidente.
Envolvimento da comunidade
De acordo com Breda, o Velo Clube sempre teve uma relação íntima com a comunidade de Rio Claro. “O engajamento da comunidade vem naturalmente. Estamos trabalhando duro no planejamento para que o Velo permaneça por muito tempo na elite. Não é simples, mas é nesse sentido que trabalhamos todos os dias”, afirmou.
Experiência do torcedor
As melhorias na infraestrutura do estádio visam não apenas cumprir os requisitos da Federação Paulista de Futebol, mas também proporcionar uma melhor experiência para os torcedores: “O foco é o conforto do torcedor e a melhoria das condições de trabalho dos atletas e profissionais. Planejamos evoluir permanentemente”, reforçou Breda.
Reflexões de Alexandre Carvalho
Alexandre Carvalho, de 39 anos, zagueiro do Velo Clube e agora gerente de futebol, refletiu sobre os momentos cruciais da campanha: “A troca de treinador foi um ponto de virada. Superamos os desafios com trabalho, humildade e união”. Ele também destacou a preparação intensa da equipe: “Trabalhamos muito fisicamente e mentalmente. Sabíamos que todos os jogos seriam uma final”. Carvalho relembrou um momento de superação: “Quando ficamos com um a menos contra o Juventus, nos unimos e buscamos forças mentais e concentração”.
Para Carvalho, a conquista tem um valor especial: “Estou há seis temporadas no Velo Clube, e essa conquista me faz sentir com o dever cumprido. Colocamos o Velo no cenário especial do campeonato paulista”.
Olhando para o futuro, Carvalho comentou sobre os desafios na Série A-1: “Nos dedicaremos ao máximo na primeira divisão. Trabalho e dedicação não faltarão. Encerrei minha carreira com dois títulos e dois acessos pelo Velo Clube. Agora, como gerente de futebol, vou trabalhar duro para apresentarmos um bom desempenho na divisão especial”.
A volta do Velo Clube à elite do futebol paulista é um marco histórico, fruto de um trabalho árduo e do comprometimento de jogadores, comissão técnica, diretoria e torcedores. Com um planejamento bem estruturado, apoio da comunidade e a liderança de Guilherme Alves, a equipe tem tudo para fazer uma campanha memorável na Série A-1, garantindo não apenas a permanência, mas também solidificando sua posição entre os grandes do futebol paulista.
Perspectivas para a Série A-1
José Luiz Pimentel, torcedor ilustre de 69 anos, compartilhou suas expectativas e reflexões sobre o acesso histórico: “O time começou a engrenar na metade do campeonato. O técnico Guilherme Alves chegou na quarta rodada e teve que, durante o campeonato, mexer em algumas peças que não vinham bem. O empate diante do Capivariano, na última rodada, foi o ponto de partida para as mudanças. Daquele instante em diante, não perdemos mais e chegamos ao acesso”, detalhou.
Ele também destacou os desafios superados: “Os maiores desafios foram a queda de rendimento na parte final da primeira fase. Após as mudanças feitas pela Comissão Técnica, corrigimos o rumo. Se não tivessem sido feitas, estaríamos ainda na Série A-2. Com a chegada de Caio Mancha, os atacantes do Velo sabiam que ele estaria ali para conferir os gols. Reforços chegaram no momento correto”.
Comparando o acesso de 1978 com o de 2024, Pimentel observou diferenças notáveis: “A diferença entre a equipe de 1978 e a de 2024 foi que, neste ano, tivemos a chegada de reforços no momento da luta pelo acesso”. Ele expressou sentimentos mistos sobre as exigências da Federação Paulista de Futebol: “Confesso que há um misto de ansiedade e apreensão. O torcedor precisa ser alertado para as novas regras e exigências da Série A-1”. Olhando para o futuro, Pimentel está confiante: “Acredito que a diretoria e a torcida farão sua parte. A massa torcedora do Velo Clube vai mostrar sua força e empurrar a equipe para conquistar as vitórias necessárias para a manutenção na Série A-1”.