A EMEIF Zezé de Sales recebeu câmeras na entrada, na quadra, nos corredores e no pátio da escola

Wagner Gonçalves

A EMEIF Zezé de Sales recebeu câmeras na entrada, na quadra, nos corredores e no pátio da escola
A EMEIF Zezé de Sales recebeu câmeras na entrada, na quadra, nos corredores e no pátio da escola

Prezar pela segurança a partir do monitoramento por câmeras instaladas no ambiente. Esta seria uma designação comum se fosse direcionada a empresas, bancos e até locais públicos. Mas, no caso de escolas, a iniciativa também se aplica para professores e alunos? Apesar de repercussões variadas, o município de Analândia adotou essa medida nas duas unidades escolares.

Desde o mês de setembro, 16 câmeras foram instaladas em cada uma das escolas. Na EMEIF Zezé Sales, que tem cerca de 600 alunos matriculados, existem câmeras na entrada, no pátio, no corredor e quadra. Para Aparecida de Fátima, inspetora na unidade, essa é uma medida necessária para minimizar depredações do prédio. “Para quem trabalha honestamente, as câmeras são testemunhas para evitar mal-entendidos”, disse Aparecida classificando a medida como ótima.

De acordo com a secretária de Educação Alexandra Torquesi Santarpio, a demanda foi sugerida pelos próprios pais de alunos que, por unanimidade, aprovaram tal vigia. Para ela, esta é uma forma de segurança para que não haja injustiças: “quando houver suspeita de agressão, as câmeras poderão ajudar”. A secretária ressaltou que os professores também aderiram à medida.

A intenção, no entanto, é de que esse projeto seja expandido, como foi feito na Creche Escola, pois as 200 crianças e os funcionários são monitorados também dentro das salas de aula. Alexandra ressalta que essa decisão está em estudo, mas ainda não foi definida.

Apesar de as câmeras inibirem os atos de vandalismo, a pedagoga Carla Figueiredo ressalta que as câmeras dentro da sala de aula não podem substituir, nem isentar, a responsabilidade que cabe aos educadores, “pois dessa maneira haverá prejuízos na aprendizagem dos alunos”. “É papel dos educadores estarem observando o tempo todo o comportamento das crianças e assim lidar com os conflitos existentes”, disse.

Além disso, tal observação não deve substituir a atuação da  família na escola, dado que a partir da ausência na trajetória escolar pode acarretar em distanciamento entre os pais e a escola, o que para ela pode fragilizar tal. Carla diz que, “para a segurança das crianças e boa convivência com a escola é muito melhor que aconteça um diálogo aberto entre  todos lados”.

Para a psicóloga Adriana Rubio Wodewotzki, o tema é bastante discutível e há detalhes que devem ser considerados. Se por um lado, é possível controlar atos de vandalismo e bullying, por outro, há consequências que podem interferir no comportamento e desenvolvimento das crianças, como a inibição da expressividade. “O excesso de vigilância sugere falta de confiança, além de comprometer a autonomia dos professores, que também serão vigiados o tempo todo”, diz.

Para Adriana, essa forma de controlar o comportamento é imposta e não construída e internalizada, como seria o ideal.
Porém, por ser algo novo, ela recomenda que a experiência pode ser válida: “somente o tempo e a prática poderão fornecer elementos para conclusões mais realistas”, finalizou.

APEOESP
Em maio do ano passado, o governador Geraldo Alckmin anunciou que as escolas do estado de São Paulo seriam monitoradas com câmeras. Na ocasião, a Apeoesp se manifestou contra a medida e mantém, no que diz respeito à vigiar dentro das salas de aulas.

O diretor regional e coordenador do Sindicato dos professores da Apeoesp Rio Claro, Ademar de Assis Camelo, comenta que a ação é antipedagógica, pois inibe alunos e professores. Apesar de em 2013 o sistema excluir as salas, no plano original, de 2002, previa que o monitoramento as incluísse. “As câmeras devem garantir segurança e não o constrangimento”, destacou sugerindo que muros e parte externa sejam vigiados.

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