Ednéia Silva
A agressão do professor Walter da Rocha e Silva, que teve o nariz quebrado por um pedaço de concreto atirado por um aluno, reacende o debate sobre a violência dentro da escola. O assunto vem sendo discutido por anos, mas sem que providências concretas sejam tomadas para resolver o problema.
A Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo) diz que os casos vêm crescendo por causa da perda de autoridade do professor dentro da sala de aula e por falta de estrutura.
“De uns 20 anos para cá, principalmente depois da reorganização da escola, os problemas sociais afloraram dentro da escola”, comenta Ademar de Assis Camelo, diretor da Apeoesp de Rio Claro. De acordo com ele, a relação professor-aluno mudou muito nos últimos anos. Não se tem o mesmo respeito de antes pelo professor. Isso se deve, em parte, à mudança de comportamento da juventude. “Os adolescentes têm muita informação, mas falta formação”, ressalta.
Ademar destaca ainda que o problema é social, visto que o professor hoje assume várias funções que vão além do ato de ensinar: de pai, mãe, psicólogo, etc. Para o diretor, a educação dos filhos cabe aos pais, mas muitos transferem essa responsabilidade para a escola.
O Estado também é responsável ao não oferecer condições e estrutura para ajudar na solução de conflitos no ambiente escolar. Segundo ele, as unidades de ensino deveria ter psicólogos para ajudar na solução de problemas de comportamento. Para Ademar, os conflitos não resolvidos geram violência.
Diante do aumento de casos, a Apeoesp criou um canal online (Observatório da Violência Escolar) em sua página na internet (www.apeoesp.org.br) para receber denúncia de violência escolar. Conforme a entidade, no ano passado foram feitas sete denúncias e neste ano cinco, mas a Apeoesp acredita que os casos são subnotificados. Em pesquisa feita pela entidade, 44% dos docentes e 28% dos alunos declararam já ter tomado conhecimento de algum caso de violência na escola. A pesquisa revelou ainda que 57% dos professores e 70% dos alunos consideram sua própria escola violenta.
O professor Walter da Rocha e Silva foi agredido na terça-feira (5) dentro da Escola Estadual “Profº. João Baptista Negrão”, no Jardim Guanabara II. O professor Teve o nariz quebrado e não sabe se voltará à sala de aula após o fim da licença.
Em nota, a Secretaria de Estado da Educação informou que “A Diretoria Regional de Ensino de Limeira repudia qualquer ato de violência e lamenta o ocorrido na Escola Estadual João Batista Negrão Filho, em Rio Claro. A direção da unidade prestou todo atendimento ao professor e realiza o acompanhamento do docente. A ronda escolar foi acionada e um boletim de ocorrência registrado. As escolas contam com o Sistema de Proteção Escolar que busca incentivar a participação dos responsáveis e da comunidade nas ações preventivas à violência”. A pasta ressalta ainda que “já está agendada uma reunião do Conselho Escolar com os responsáveis e o Conselho Tutelar para definir as punições ao estudante de acordo com o regimento escolar. A direção da unidade de ensino está à disposição para prestar quaisquer esclarecimentos”.